Fraturas do terço proximal do úmero
As fraturas do terço proximal do úmero são as fraturas que acometem o úmero na região do ombro. São mais freqüentes nos pacientes idosos, com forte relação com a presença de osteoporose, acometendo mais as mulheres, geralmente ocorrendo por traumas leves como queda da própria altura. Podem ocorrer também em pacientes jovens, estando relacionadas a traumas de alta energia, como acidentes automobilísticos, quedas de altura e traumas esportivos.
Após o trauma o paciente pode evoluir com dor importante e impossibilidade de movimentar o ombro, porém em alguns casos pode apresentar dor moderada e mobilização normal, dependendo muito do tipo de fratura e da sensibilidade a dor do paciente. Assim, é fundamental sempre que ocorrer algum trauma no ombro realizar uma investigação diagnóstica adequada.
O diagnóstico é feito através do exame físico e de radiografias padrões para o ombro. Em alguns casos pode ser necessário realizar também uma tomografia computadorizada, ou para melhor avaliação da fratura e melhor tratamento ou para diagnóstico de fraturas ocultas. Fraturas ocultas são fraturas sem desvio que não aparecem nas radiografias, sendo no ombro mais freqüente nas fraturas da tuberosidade maior. (saiba mais sobre anatomia do ombro)
Existem diversos tipos de fraturas que seguem alguns padrões de desvios e prognósticos. Para a identificação desses padrões existem diversas classificações que ajudam na indicação do tipo de tratamento a ser realizado. Uma das classificações de fratura mais utilizada é a classificação de Neer, que divide as fraturas com relação ao desvio das partes, considerando a tuberosidade maior, a tuberosidade menor, a cabeça umeral e a diáfise umeral como partes.
- Sem desvio. Podem existir diversos traços de fratura porém não ocorre desvio significativo entre eles;
- 2 partes. Podem existir diversos traços de fratura, porém ocorre desvio significativo apenas entre duas partes;
- 3 partes. Ocorre desvio significativo entre 3 partes;
- 4 partes. Ocorre desvio significativo entre 4 partes.
Rx do ombro com fratura
Partes de Neer
Tais classificações não abrangem todos os tipos de fratura, mas são muito úteis na tomada de decisão com relação ao tratamento e ao prognóstico do paciente.
Basicamente as fraturas sem desvio, isto é, com desvio mínimo, devem ser tratadas de maneira conservadora. É o tipo de fratura mais freqüente, em torno de 80%. O tratamento é realizado com o uso de tipóia por volta de 4 a 8 semanas a depender do tipo de fratura e das radiografias controles a serem realizadas durante o acompanhamento, associada a sessões de fisioterapia.
Já nas fraturas com desvios significativos o tratamento deve ser orientado após avaliação de vários fatores, como a idade do paciente, presença de doenças associadas, grau de atividade e expectativa com o tratamento. Para um melhor resultado funcional dessas fraturas o tratamento cirúrgico com redução e alinhamento da fratura é o mais indicado. Existem algumas maneiras de estabilização da fratura após sua redução, sendo a placa com parafusos bloqueados a mais utilizada atualmente, por conferir melhor estabilidade e maior resistência. A haste intra-medular é outra maneira de fixação possível e vem sendo utilizada com mais freqüência. A decisão de qual modo de fixação a ser adotada varia conforme a experiência do cirurgião, do tipo de fratura e da qualidade óssea do paciente (osteopenia / osteoporose). Em alguns casos não é possível reconstruir e fixar adequadamente a fratura, sendo indicado a prótese de ombro.
Placa e parafuso
Haste intramedular
Prótese de ombro
No pós operatório é necessário o uso de tipóia, sendo o tempo variável conforme o grau de estabilização atingido no final da cirurgia e a evolução das radiografias controles. A reabilitação fisioterápica é de importância fundamental para restabelecer o movimento do ombro, recuperar a força e para ajudar no controle da dor.