Capsulite Adesiva
O que é a Capsulite Adesiva?
A capsulite adesiva, também chamada de ombro congelado, é uma inflamação da cápsula articular do ombro. A cápsula articular é um tecido que recobre a articulação do ombro, isolando o conteúdo intra-articular, como por exemplo o liquido sinovial, que nutre e lubrifica a cartilagem, do conteúdo extra-articular. Quando inflamada, além de causar dor importante, de forte intensidade, ela diminui sua elasticidade normal, criando aderências e limitando o espaço dentro da articulação, levando a uma restrição da amplitude de movimento do ombro.
Porque ocorre a capsulite adesiva?
O mecanismo exato para desencadear a capsulite adesiva não se sabe ao certo. Sabe-se que existem algumas doenças como diabetes e alterações dos hormônios tireoidianos, que favorecem a capsulite adesiva. Relaciona-se também alguns eventos gatilhos, como uma lesão do manguito rotador, a síndrome do impacto, um trauma, movimentos repetitivos entre outras coisas. Porém, frequentemente a capsulite adesiva começa sem motivo algum conhecido.
Quais são os sintomas da capsulite adesiva?
O ombro congelado apresenta 3 fases durante sua evolução. Inicialmente o paciente sente uma dor leve que em alguns dias vai progredindo até se transformar em uma dor intensa. Esse período é chamado de fase inflamatória. É nessa fase que ocorre a inflamação da cápsula, dura em média alguns meses, podendo chegar a 9 meses de duração. Apesar da dor forte, os movimentos nessa fase ainda podem estar normais, sendo o diagnóstico facilmente confundido com uma bursite ou uma tendinite. Na sequência ocorre a fase de congelamento. A dor progressivamente vai diminuindo, porém os movimentos do ombro vão ficando restritos, com perda importante da mobilidade, ficando impossibilitado de levantar o braço, colocar a mão nas costas, pegar o cinto de segurança ou prender o sutiã. Essa fase pode durar de 12 a 18 meses. Por último, ocorre a fase de descongelamento, em que o paciente já não apresenta dor importante e começa a ganhar os movimentos gradativamente, com tempo de duração indeterminado, terminando com a resolução da doença. Com frequência os pacientes apresentam, ao termino do quadro, uma perda leve do arco de movimento do ombro, com déficit em torno de 15-20%.
Como é feito o diagnóstico da capsulite adesiva?
O diagnóstico da capsulite adesiva muitas vezes acaba sendo feito de maneira tardia, já na fase de congelamento. Para um diagnóstico precoce é fundamental a história do paciente, avaliar a existência dos fatores de risco e um exame clínico minucioso. Radiografias do ombro devem ser feitos para excluir outras doenças, porém não diagnostica a capsulite adesiva. A ressonância magnética do ombro pode auxiliar no diagnóstico, mas nem sempre identifica as alterações que são sutis, podendo em alguns casos até atrapalhar, principalmente nos casos em que o paciente apresenta uma bursite ou tendinite associada, levando a um diagnóstico equivocado.
Como é o tratamento da capsulite adesiva?
O tratamento da capsulite adesiva vai variar conforme a fase em que o paciente se encontra. Na fase inflamatória o mais importante é controlar a dor. Medicamentos analgésicos fortes, anti-inflamatórios e corticoesteroides são indicados. A fisioterapia está indicada, porém apenas para analgesia, não sendo indicada para ganho de movimento, já que nessa fase pode piorar a dor, fazendo com que o paciente mobilize menos ainda o membro durante o dia, piorando sua rigidez, seria como um “efeito rebote”. Outras medidas como infiltrações intra-articulares e bloqueio do nervo supraescapular também podem ser usadas, devendo ser discutidas com o médico sobre seus riscos e benefícios. O uso de tipóia deve ser evitado, já que a imobilização piora a mobilidade. Alguns casos é possível um controle e uma diminuição significativa da inflamação, sendo que esses pacientes costumam evoluir com menos perda de movimento e passa pelas fases mais rapidamente, com resolução da doença num período mais curto. Já na fase de congelamento e descongelamento, quando a dor já está mais leve, o tratamento
se baseia principalmente no ganho de movimento, com muita fisioterapia e exercícios de alongamento.
Em raros casos a doença não evoluiu da maneira esperada. O paciente estaciona na fase de congelamento e não ganha movimento apesar de estar realizando a fisioterapia adequadamente. Nesses raros casos existem algumas opções mais agressivas para ganho de movimento, como por
exemplo a liberação artroscópica. Através de uma artroscopia (saiba mais sobre artroscopia) é realizado a liberação de aderências e alongamento da cápsula. Após o procedimento o paciente apresenta a mobilidade do ombro normal, porém sente uma dor considerável, necessitando de uma forte analgesia para que realize fisioterapia já no primeiro dia pós liberação, para não perder o movimento ganho. Tal procedimento não deve nunca ser feito na fase inflamatória, pela alta chance de piorar o quadro.